Última modificación: 2019-08-21
Resumen
Ao considerar a presença de Orfeu na lírica de Yvan Goll (1851-1950), duas obras imediatamente se destacam: o ciclo de poemas Der neue Orpheus, eine Dythyramben (1918) e o poema, de nome semelhante, “Der neue Orpheus”, cuja última edição revista foi publicada em 1924 no livro Der Eiffelturm. Tanto os poemas presentes no ciclo quanto o poema de 1924 guardam semelhanças estreitas entre si. Em ambas as obras mencionadas, Goll enuncia uma mudança de perspectiva na leitura do personagem mitológico, que deixa de ser o herói grego com poderes de encantar a natureza e acalmar as feras com seu canto mágico, para aproximar-se do mundo dos homens. Tal aproximação, entretanto, se dá através de figuras decadentes e do ambiente saturado das grandes cidades. O Orfeu de Goll já se esqueceu da Grécia e limita-se a tentar cobrir de música todas as dores de um mundo outonal, livrando o homem, mesmo que por um ínfimo momento, de seu submundo de sofrimentos e misérias. Nesta apresentação, serão discutidos o mito de Orfeu e sua relação com a concepção de Unterwelt na lírica de Yvan Goll, especialmente em sua obra publicada entre 1918 e 1930.