A presente comunicação pretende apresentar uma análise da figura da femme fatale, a mulher fatal, desenvolvida com maior intensidade na literatura do século XIX, como catalisadora do desencadeamento do duplo em uma breve seleção de contos de E. T. A. Hoffmann. Motivo que perpassa um grande número de narrativas, o duplo é abordado pelo autor por diferentes perspectivas e com diferentes nuances. Suas ocorrências em contos tais como “As aventuras da noite de São Silvestre” (em especial a quarta parte, “A história do reflexo perdido”) estão ligadas a figuras femininas com traços diabólicos, o que desencadeia nos personagens atitudes de fixação, deslumbramento e perda de controle, levando-os a se defrontar com seus duplos. Utilizando análises tais como a de Mireille Dottin-Orsini, um enfoque em tais figuras femininas fornece elementos para um estudo mais amplo do motivo do duplo conforme desenvolvido por E. T. A. Hoffmann.