Em sua escrita ficcional, teórica e crítica, o escritor brasileiro Silviano Santiago reflete sobre o papel e a responsabilidade do intelectual e da literatura latino-americanos diante do enfrentamento da dependência cultural oriunda dos processos de colonização. O presente trabalho investiga como se opera essa reflexão no interior do romance Viagem ao México. Para tanto, parte do entrecruzamento dos discursos teórico-crítico e ficcional desse escritor e retoma suas noções de “entrelugar” e de “literatura anfíbia”. O modo como a narrativa conjuga elementos artísticos e políticos, cumprindo a “dupla meta ideológica” característica da literatura latino-americana, segundo definição do próprio escritor, constitui objeto de análise do trabalho. Este examina, ainda, os retratos da América Latina presentes no texto narrativo, que se encontram atravessados pela crítica à colonização e à reduplicação da Europa no Novo Mundo. Da leitura promovida pode sustentar-se que, também no seio da escrita ficcional, Silviano Santiago propõe, como responsabilidade do intelectual latino-americano, ocupar um “entrelugar” entre as referências culturais autóctones e europeias, que lhe permita exercer uma postura reflexiva, crítica e transgressora.