Eventos Académicos, IV Congreso Internacional de Letras

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Efeitos da leitura sobre o sujeito em "A rainha dos cárceres da Grécia", de Osman Lins
Carolina Duarte Damasceno

Última modificación: 2018-02-04

Resumen


Este trabalho, parte de uma pesquisa de doutorado em andamento sobre a relação entre leitura e co-autoria, tem como objetivo analisar a peculiar apropriação da literatura pessoal em A rainha dos cárceres da Grécia, de Osman Lins. Todavia, antes de iniciar a análise proposta dos efeitos do ato de ler sobre o sujeito, é necessário apresentar, em linhas gerais, o autor e a obra em questão.

Osman Lins, escritor pernambucano cuja estréia literária se deu em 1955, com a publicação de O visitante, escreveu romances, contos, ensaios e peças de teatro. Em sua fortuna crítica, percebe- se que é muitas vezes considerado um escritor focado na interioridade e, principalmente, adepto da literatura experimental. Em Nove, novena (1966), Avalovara (1973) e A rainha dos cárceres da Grécia (1976) empreende diversas reflexões de caráter metalingüístico, abordando os efeitos da crise de representação, o papel da escrita e da leitura literária, além da relação entre o texto ficcional e a realidade empírica.

Em A rainha dos cárceres da Grécia, seu último livro publicado em vida, o protagonista –um professor de Biologia, cujo nome não é mencionado– se debruça sobre o romance A rainha dos cárceres da Grécia, de Julia Marquezin Enone, sua falecida amante, o qual narra os inglórios esforços da protagonista Maria de França para ser aposentada por invalidez. Esse texto do autor brasileiro –cujo teor de simulacro lhe dá certo tom borgeano, que não passou desapercebido por Graciela Cariello (2007)– é marcado pela mis-en-abîme e coloca em primeiro plano os bastidores da leitura literária. Nele, o leitor somente tem acesso ao relato de Julia, marcado pelo uso peculiar do tempo e do espaço, através do filtro do narrador.


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