Eventos Académicos, IV Congreso Internacional de Letras

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Engenho e gesto: a poética de Paulo Leminski
Elisa Helena Tonon

Última modificación: 2018-02-04

Resumen


Paulo Leminski nasce em Curitiba em 24 de agosto de 1944. Interessado em literatura desde cedo, estudou algum tempo no Mosteiro São Bento, em São Paulo. Em 1963 viaja para a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, em Belo Horizonte, neste evento estabelece contato com os criadores da poesia concreta, a quem muito admirava, Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari. No ano seguinte, publica alguns poemas no número 4 da revista Invenção. Ingressa nos cursos de graduação em Direito e em Letras, mas não conclui nenhum deles. Em seguida, atua como professor em cursos pré-vestibulares, publica poemas em algumas revistas, realiza composições musicais com alguns grupos, estabelece contato com Caetano Veloso, Gal Costa, entre outros artistas. Só em 1975 que é lançado seu primeiro livro, a chamada “prosa experimental” Catatau, a que tinha se dedicado desde 1968. Cinco anos depois, em 1980, Leminski publica em edições artesanais Não fosse isso e era menos/Não fosse tanto e era quase e Polonaises. Nesse início de década, o artista recebe certo destaque da crítica, que comenta com entusiasmo o Catatau e também suas composições musicais. Em 1983 publica Caprichos & relaxos, pela editora Brasiliense, com apresentação de Haroldo de Campos e texto da contracapa assinado por Caetano Veloso.

Nesse mesmo ano publica duas biografias, uma sobre Cruz e Sousa (Cruz e Sousa – O negro branco) e outra sobre o poeta japonês Bashô (Bashô – A lágrima do peixe). Em 1984 publica, ainda pela Brasiliense, a biografia Jesus a. C. e o romance Agora é que são elas. Além disso, publica as traduções de Pergunte ao pó de John Fante e, em colaboração com Marcos A. P. Ribeiro, Nelson Ascher e Paulo Henriques Brito, a tradução de Lawrence Ferlinghetti, Vida sem fim - as minhas melhores poesias.

No ano seguinte, ainda pela editora Brasiliense, são publicadas várias traduções feitas pelo autor de Catatau: Um atrapalho no trabalho de John Lenon; Sol e aço de Yukio Mishima; O supermacho de Alfred Jarry; Giacomo Joyce de James Joyce e Satyricon de Petrônio.

Em 1986 publica uma pequena coletânea de ensaios, Anseios crípticos, pela Criar edições. Publica também sua quarta e última biografia, Leon Trotsky – a paixão segundo a revolução; e a tradução do texto Malone morre, de Samuel Beckett, pela Brasiliense.

Em 1987 lança a coletânea de poemas Distraídos venceremos, pela Brasiliense; e Fogo e água na terra dos deuses – poesia egípcia antiga, pela editora Expressão. Em 1988, morando em São Paulo, publica pela editora Scipione o livro infanto-juvenil Guerra dentro da gente. Em junho de 1989 o poeta falece em decorrência de uma cirrose hepática. Nos anos seguintes são publicados os volumes La vie en close; Metaformose – uma viagem pelo imaginário grego; Winterverno e O ex-estranho. Como se pode ver, através da sucinta trajetória de publicações apresentada, estamos diante de uma produção elaborada em um breve espaço de tempo e que se lança em direções variadas, como evidenciam as referências tão díspares a que o poeta se dedicou em suas traduções e biografias, como pelas variadas esferas de trabalho –poesia, prosa, crítica, música, docência, artes marciais, tradução, propaganda.

Esse conjunto de trabalhos que –por hora tratarei como “obra”, mas que sugerem e suscitam, mais uma vez, a discussão do conceito– combinam essas múltiplas influências, e seduzem boa parte dos leitores através de uma linguagem simples, muito próxima da coloquial, e ao mesmo tempo, trabalhada e rigorosa.


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