Esta comunicação volta-se para a reflexão sobre as fronteiras presentes na obra “Cunhataí”: um romance da Guerra do Paraguai (2003), da escritora Maria Filomena Lepecki, mais especificamente para o diálogo entre as áreas da literatura e da história. Por colocar em diálogo e confronto aspectos ficcionais e históricos, uma vez que os mesmos fatos são tratados sob maneiras diversas, isto é, os acontecimentos da Guerra do Paraguai tornam-se um fio condutor de aspectos ficcionais e aspectos históricos. Já que a relação que existe entre um romance e o fato que o desencadeou é sempre muito discutida, pois é sabido que a linha que separa a história da ficção é tênue. As áreas de literatura e história sempre estiveram justapostas e recorrentes, e hoje com muito mais frequência assumem essa relação dialógica, visto que a literatura comparada recupera, na prática, os princípios da historicidade, tendo em vista, também, que a literatura é o lugar, por excelência, da identidade dos povos. Assim, nesse espaço comum, fronteiriço, em que a ficção e história se complementam e se influenciam por meio da linguagem utilizada pela escritora, é possível refletir sobre “a realidade humana em sua plenitude”, conforme nos fala Edgar Morin (1997).