Eventos Académicos, VI Congreso Internacional de Letras

Tamaño de fuente: 
O homem à máquina: como o cinema contemporâneo retrata o escritor em seu processo
María Castanho Cau

Última modificación: 2018-01-27

Resumen


Na esteira das pesquisas mais recentes sobre o diálogo entre cinema e literatura (Stam & Raengo 2005; Follain 2010), buscaremos analisar formas de confluência que não se foquem apenas nos estudos das adaptações cinematográficas de obras literárias (metodologia cujos resultados muitas vezes reforçam noções estéreis de “fidelidade” e “primazia”).

Pretende-se pensar na forma como o cinema contemporâneo (re)cria a figura do escritor: esse ser de possibilidades de representação imagética tão limitadas, cujo processo de criação presta-se tão pouco à representação visual.

De acordo com o que afirmam teóricos como Buchanan e Arthur, identifica-se um impasse fundamental: a recorrência das narrativas centradas nesses personagens e as dificuldades do meio de representar o ofício da escrita sem recorrer ao misticismo e ao uso recorrente dos mesmos limitados clichês. Mostrar um sujeito diante do computador apertando teclas, além de visualmente enfadonho, diz tão pouco do ato de escrever literatura que o processo permanece como mistério. Indiferenciada assim, tal ação é tão banal que não parece guardar qualquer parentesco com o universo da arte. Num movimento inverso, pôr em cena um homem que de súbito é acometido por uma iluminação quase sobrenatural, que o leva a compor um texto, é apelar para a ideia hoje fugidia da inspiração musaica.

Partindo desse panorama, e recorrendo a uma série de exemplos bastante recentes, como Flores raras (2012) e Ruby Sparks (2013), buscaremos responder às seguintes indagações:

1) Como o cinema contemporâneo aborda a figura do escritor e o seu processo de trabalho: como se constrói o espaço em que esse tipo de personagem desempenha seu ofício e a forma como lida com ele?

2) De que forma o cinema retrata o ato da escrita – e mais: como é possível abordar visualmente os acúmulos de reflexão que precedem (e de certa forma fundamentam) a escrita?


Texto completo: PDF