As narrativas sobre catástrofe constituem um componente arquetípico do imaginário e apresentam estruturas nas quais o discurso alegórico e o dos mitos está implicado. O cinema americano, notadamente o da narrativa clássica hollywoodiana, passou a enfaticamente explorar as pulsões catárticas inerentes ao espetáculo da destruição a partir dos anos 1970. O caráter sedutor da narrativa de destruição, protótipo claramente distinguível no cinema de entretenimento, evidencia a conexão entre mito, narrativa moderna e indústria cultural. Analisando uma amostragem de filmes-catástrofe – ou disaster movies – produzidos nas últimas décadas é possível circunscrever alguns tipos básicos de fantasias de aniquilação. O propósito deste trabalho é, portanto, mapear e descrever as fantasias reincidentes no imaginário da catástrofe, demonstrando, ainda, como a tensão de fronteiras entre fato e ficção problematiza a posição do espectador frente a eventos de natureza destrutiva.