Última modificación: 2018-01-27
Resumen
Diante da rica fortuna tradutória do Satyricon de Petrônio, o presente trabalho seleciona e coloca em foco duas traduções poundianas da obra. A tradução do classicista e tradutor norte-americano J. P. Sullivan, lançada em 1965 pela editora Penguin Books, e a do poeta e tradutor brasileiro Paulo Leminski, lançada em 1985 pela editora Brasiliense. A primeira, que se situa no movimento Swinging Sixties, nascido em Londres e repercutido pelo mundo, e dois anos antes da euforia hippie, culminada pelo Summer of Love, em abril de 67, é marcante por quebrar as regras e não censurar as cenas eróticas, muito presentes no livro. A segunda tradução, marcada pela influência dos movimentos libertários dos anos 60, expressa os interesses de sua época e reflete a irreverência da década de 80 brasileira, assumindo como produto final um romance marginal, inspirado no mote de Petrônio. Ambas traduções mais ou menos declaradamente refletem a leitura tradutória inovadora do “make it new”, de Ezra Pound. A partir dessas duas obras, pretendemos demonstrar quais foram os diversos resultados alcançados no nível da linguagem e da interpretação, comparando trechos coincidentes entre as duas traduções, como produtos da leitura de Pound e sob as influências dos novos hábitos culturais. A metodologia, que empregaremos, irá nos permitir a análise do texto latino e de suas traduções, partindo primeiramente do estudo do contexto em que as traduções foram publicadas e, logo após, por meio do cotejo entre o texto antigo e de suas retomadas contemporâneas comentaremos sobre as escolhas tradutórias dos dois autores em questão, levando em consideração suas escolhas estilísticas de tradução, seus acréscimos, mudanças ou inserções de sentido em relação ao texto de partida, as transliterações dos nomes próprios em português, entre outros aspectos.