Este trabalho pretende apresentar a obra do escritor brasileiro Ricardo Guilherme Dicke. Para isso, foram selecionadas algumas obras escritas entre as décadas de 1960 e 1970, como os romances Deus de Caim (1968) e Cerimônias do Sertão (2011). O escritor Ricardo Guilherme Dicke foi escolhido por trazer em suas obras complexidade, experiências e contradições da literatura contemporânea, por meio de variadas técnicas e estilos narrativos e por utilizar elementos míticos, elevando sua obra a um caráter universal, não se prendendo em criar um tipo regional. Objetiva-se apresentar o escritor, sua obra e, ainda, identificar alguns pontos particulares não só na obra dickeana, mas também na Literatura Latino-americana, como a não linearidade da realidade, a transculturação e a hibridização presente nos enredos das obras. Por meio da obra de Dicke, deseja-se destacar a urgência em se fazer uma literatura símbolo do continente Latino-americano, alimentada pela ambição de mostrar ao mundo a diferença e a riqueza cultural dos que foram colonizados, mas sem negar a contribuição da tradição ocidental. Para esse fim, o trabalho embasa-se nas obras de alguns teóricos que discorrem acerca da condição literária nos países latino-americanos, especialmente no Brasil como Silviano Santiago (2000), tomando-se por base seu conceito de entrelugar, no qual o escritor latino-americano se encontra, e Antonio Candido (2000), com a tomada de consciência tardia dessa sociedade colonizada.