Última modificación: 2018-01-27
Resumen
Este trabalho ocupa-se de uma mirada à teoria sociolinguística que trata das políticas linguísticas e propõe um diálogo com o que Moita Lopes (2013) tem chamado de sociolinguística pós-moderna, a qual dialoga com as ciências sociais que tratam dos fenômenos contemporâneos relacionados às globalizações (SANTOS, 2002) – que se referem às mobilidades dos sujeitos e suas línguas e culturas, às reconfigurações das políticas nacionais e globais, aos processos de interação no contexto do ciberespaço caracterizado pelos multiletramentos e pelo multilinguismo e, sobretudo, às (re)construções das identidades (sociais, étnico-raciais, de gênero, sexuais, culturais, religiosas) dos sujeitos em relação a esses fenômenos. E dialoga também com os estudos produzidos no campo da lingüística aplicada, o que parece configurar um deslocamento das disciplinas de interface nos estudos sociolingüísticos, que se move da relação entre predominantemente lingüística e ciências sociais para a relação predominante entre lingüística aplicada e ciências sociais. Esse deslocamento parece estar ligado à partilha de referenciais teóricos e dos problemas de pesquisa e também à maior proximidade entre os procedimentos metodológicos para a investigação. Se na sociolinguística mais voltada à linguística predominava historicamente um olhar sobre os fenômenos lingüísticos internos às línguas e às comunidades lingüísticas, na sociolingüística pós-moderna parece que o olhar volta-se ainda mais para os processos sociais, para o questionamento e a reconfiguração da noção de comunidade (MOITA LOPES, 2013) e, inclusive, promove o questionamento de algumas concepções de língua propostas pela lingüística (CESAR; CAVALCANTI, 2007). Essas novas construções teórico-metodológicas decorrem das questões sociolingüísticas emergentes nos novos cenários sociais em que vivemos. Enfocando um fenômeno social específico – a chegada de um grande contingente de haitianos a Curitiba (capital do estado do Paraná) entre final de 2013 e durante 2014 –neste trabalho, pretendemos retomar essa discussão teórico-metodológica, buscando pensar as políticas lingüísticas produzidas pelos sujeitos (brasileiros e haitianos) em diferentes interações sócio-verbais.