Este trabalho reflete nossa aspiração para o desenvolvimento de uma pesquisa dialógica, interessada no papel social de Mulheres Negras brasileiras no campo da intelectualidade contemporânea. Pretendemos refletir sobre as histórias de vida destas, que chamaremos de “Intelectuais Negras” por atingirem o campo das ideias, espaço legitimado de poder, apresentando destaque na elaboração de conhecimentos, colaborando com a desconstrução da visão estereotipada, comumente relacionada ao gênero feminino, especialmente quando este evidencia filiação na negritude, a partir da atuação em áreas do ofício consagradas e dominadas por representações masculinas, como as Artes, a Educação, a Comunicação, as Humanidades e a Literatura. Diante disso, caberá investigarmos as influências políticas e pedagógicas presentes no curso das vidas destas cidadãs que se mantêm engajadas na militância antirracista, permitindo- lhes ultrapassarem os limites impostos por uma linha abissal hierarquizadora de saberes (Santos, 2010). Sublinharemos as influências das produções sociais destas Mulheres, apreciando as interpretações que fazem a respeito da necessidade de ruptura com o paradigma colonial de representação identitária, no qual o padrão europeu é compreendido como universal (Oliveira; Candau, 2010), cedendo espaço às dimensões éticas, identitárias e representativas em prol de uma perspectiva decolonial para enfrentamento das concepções discriminatórias sobre o gênero feminino e a negritude. À vista disso, torna-se relevante ouvirmos as vozes destas Mulheres que demarcam espaço e se destacam no cenário brasileiro como protagonistas de suas narrativas, criando laços identitários com aquelas que ao longo da História padecem com a carência de representatividade. Nossa orientação persegue, portanto, construir uma

pesquisa de relevância social, edificando um banco de dados que poderá contribuir com a construção de uma sociedade imparcial, equitativa e justa.