Saul Kripke é um filósofo americano, que se ocupou amplamente com a temática de uma teoria da referência, tendo como principal obra, nesse âmbito, o livro Naming and necessity (1980). Nesse livro, o autor apresenta duas noções acerca da referência, a saber, a de que os nomes são designadores rígidos e a de que a denotação se estrutura em uma espécie de cadeia causal formada pelos próprios falantes da língua.

Contudo, a primeira dessas noções requer, em especial, um correto entendimento daquela teoria à qual a de Kripke se opõe, a saber, a teoria descritivista, formulada originalmente pelo filósofo alemão Gottlob Frege. Portanto, a primeira parte deste trabalho terá por objetivo uma introdução prévia, porém crida suficiente, à teoria fregeana, de modo a tornar possível um entendimento adequado da visão de Kripke.

Em seguida, então, será possível expor os dois pontos pretendidos da visão do filósofo americano, que, ao que se acredita, não possuem, contudo, um vínculo mútuo estreito, podendo ser tais noções tomadas, inclusive, uma a despeito da outra, sem que haja qualquer espécie de ônus funcional — o que leva, pois, até mesmo a uma possível conciliação da idéia de cadeia causal com a teoria descritivista fregeana.