Há um número considerável de estudos sobre gênero e ciência no Brasil e na América Latina; buscando compreender e dar visibilidade a mulheres e suas contribuições para a ciência; todavia, pesquisas que elucidem a interseccionalidade de gênero, raça e ciência não se encontram com exatidão. Estudos de Joselina da Silva (2010) e Minella (2013) já problematizaram a discussão de que há ausência de estudos que articulem gênero, raça e ciência. A maioria dos estudos que tratam de mulheres negras docentes enfatizam, pelo lado da trajetória de vida, as situações de racismo e sexismo enfrentadas até a inserção no doutorado. O presente artigo é parte da pesquisa de doutorado em andamento, intitulada por “Mulheres negras, doutoras e professoras universitárias”, cujo objetivo é analisar a trajetória profissional de mulheres negras doutoras e professoras universitárias que atuam em universidades públicas do estado do Ceará. Objetivamente, nesse artigo, trazemos os desafios de tais professores, a saber- intelectuais doutoras e professoras universitárias-, bem como as nuances do racismo e sexismo no espaço acadêmico. A metodologia adotada parte de uma pesquisa qualitativa mediante a realização de entrevistas semi estruturadas. Os resultados encontrados até o momento, chamam a atenção para a perpetuação de racismo e sexismo gestadas nas universidades e as estratégias cotidianamente redesenhadas por docentes negras, mediante o enfrentamento direto em seu lócus de atuação acadêmica e a militância negra exercida por diversas maneiras.