Última modificación: 2018-11-27
Resumen
Objetivo deste trabalho é apresentar a partir da narrativa da escravizada Esperança Garcia a construção de aprendizagens outras de luta e resistência para a mulher negra brasileira. O processo de escravidão no Brasil foi longo, intenso e perverso, e para sobreviver era necessário desenvolver estratégias de resistência e de luta contra os sistemas cruéis de castigos, exploração e subalternidade, todo esse movimento foi pensando e estruturado de forma que viessem resultar em liberdade. Nessa perspectiva consideramos como objeto de análise a carta escrita pela escravizada Esperança Garcia em seis de setembro de 1770, endereçada ao Governador da Província do Piauí, relata toda violência física sofrida juntamente com seus filhos, reivindica o retorno para junto de sua família e batismo na igreja de seus filhos. O processo de escravidão no Brasil fortaleceu e expandiu o preconceito e a discriminação racial, tornando cada corpo preto em objeto de domínio e exploração. Enquanto mulher escravizada Esperança Garcia desempenhou um papel de grande importância na luta e resistência da população negra principalmente para as mulheres, que historicamente tem sua identidade invisibilidade e estão vulneráveis a qualquer tipo de violências. Esperança Garcia vê na sua escrita uma forma de luta, resistência e mobilização, não só para si mais para sua família e sua comunidade, criando uma rede de sociabilidade e
1 Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
solidariedade. Esperança Garcia nos ajuda a pensar e a construir um outro lugar da mulher negra, um lugar de protagonista, lugar de reivindicação, lugar de autonomia, lugar de tecer novas redes de saberes e vivências. Esperança Garcia não é só uma narrativa, mais a continuação de vidas que tem formado a história de cada mulher negra, que tem lutado e resistido todos os dias a violência do corpo, ao racismo, ao machismo, ao sexismo, a solidão. Quando começa a minha militância?! Assim que nasci...lutar e resistir é preciso.