Eventos Académicos, I Jornadas de Estudiantes del Departamento de Filosofía

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Tarski e a teoria da correspondência
César Fernando Meurer

Última modificación: 2018-01-14

Resumen


É por demais sabido: a verdade é uma questão clássica da filosofia. Expoentes de todas as épocas ocuparam-se com ela. Nesse terreno, no entanto, o tempo trouxe pouca conformidade. Ao menos aos olhos de um principiante, que tende a notar rivalidades na coleção de teorias hoje disponível. Dentre as diversas elaborações, uma tornou-se conhecida como ‘concepção semântica’. Esse título evoca as investigações do matemático e lógico polaco Alfred Tarski.

A teoria da verdade de Tarski está exposta de modo detalhado no longo artigo “O conceito de verdade nas linguagens formalizadas”. Explicações mais elementares, dentre as quais “O estabelecimento da semântica científica”, “A concepção semântica da verdade e os fundamentos da semântica” e “Verdade e demonstração”, foram redigidas com o intuito de divulgar a concepção. Nestas, além de resumir informalmente a teoria, Tarski discute questões emergentes da recepção da mesma.

É a teoria de Tarski uma teoria correspondentista da verdade? Em várias passagens, o autor se diz comprometido com essa perspectiva, ainda que as formulações desta, a seu ver, pequem por falta de clareza e precisão, e permite que o leitor veja seu trabalho como uma espécie de aperfeiçoamento do correspondentismo. Vejamos algumas dessas evidências textuais: em “O Conceito de Verdade nas Linguagens Formalizadas”, ele afirma: “vou me ocupar exclusivamente em apreender as intenções contidas na chamada concepção clássica da verdade (‘verdadeiro – correspondente à realidade’)” (2007: 20). Em “A Concepção Semântica da Verdade” lemos que “a concepção semântica é apenas uma forma modernizada” da concepção clássica (2007: 180). Já em “Verdade e Demonstração” lemos: “tentaremos aqui obter uma explanação mais precisa da concepção clássica de verdade, uma explanação que possa superar a formulação aristotélica e que preserve, ao mesmo tempo, suas intenções básicas” (2007: 206).

Estaria Tarski certo em avaliar sua teoria como sendo correspondentista? A questão não é nova e há discordâncias entre os intérpretes. No presente artigo, defenderei que a concepção é correspondentista e que a definição não é. Concepção, nesse caso, designa o propósito ou a intenção do autor. Definição, por outro lado, refere-se ao resultado efetivamente alcançado. Em outras palavras: Tarski pensava na verdade como uma questão de correspondência com a realidade – como um conceito semântico, portanto – e, no entanto, desenvolveu uma definição que nada possui de correspondencial. A concepção da verdade de Tarski ganhou o mundo com o rótulo ‘concepção semântica’ mas é, a rigor, uma concepção sintática.

O que segue está dividido em seções, que visam responder as seguintes questões: [i] o que Tarski se propunha solucionar? [ii] qual é o resultado alcançado? [iii] por que o resultado não reedita a teoria da correspondência


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